Comentamos em nosso Clube de Leitura Arco-Íris o romance “Nora Webster”, de Colm Tóibín (Companhia das Letras), muito apreciado por todos pela linguagem seca e enxuta. O escritor irlandês usa o recurso de, em vez de descrever pensamentos da personagem, mostrar suas ações, e como ela se transforma por essas ações. Nora é uma viúva que vive numa pequena cidade da Irlanda e acaba de perder o marido, professor estimado por toda a comunidade. A história homenageia a mãe do autor.
Enquanto descobre que pouco ou nada mandava na própria vida, Nora aos poucos toma as rédeas de seu destino, construindo uma nova personalidade, mais autônoma e dona de si. Revê as relações com os filhos, as irmãs, o trabalho, os desejos que sufocava, e ao final de seu período de luto, três anos, se percebe livre para viver.
Como pano de fundo, “Nora Webster” se passa na virada dos anos 1960 para os 1970, numa Irlanda conflagrada por conflitos políticos e religiosos, e comprova como as informações e a tomada de posição diante dessa realidade ajudam a moldar os conflitos familiares e de toda a comunidade. Lições de história e de cidadania.
Livro muito bem escrito e cheio de sutilezas, esse romance abre as portas para um autor que eu nunca tinha lido, mas que agora quero conhecer melhor.
Bjs!
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