No nosso clube de leitura, o livro do mês foi “O Aleph”, de Jorge Luis Borges (Globo), uma das obras-primas desse gênio da literatura argentina. Eu pessoalmente estava instigada pelo mergulho num trabalho do qual só conhecia textos esparsos, que não me permitiam formar um quadro na minha análise e na minha sensibilidade.

Foi sensacional essa imersão no universo fantástico proposto por esse grande autor, que não só apresenta nessa coletânea diversos contos memoráveis, como os comenta, explica, ajudando no debate que clubes como o nosso gostam de fazer. Porque a gente lê o livro, se informa sobre o escritor, relaciona vida e obra, estilos, referências etc. Também, com colegas como Maurício Melo Jr., Lucília Garcez, Iris Borges e a Cléa (presentes, fora os ausentes Vera e Alexandre, Liduína, Renata, Olga Novion e outros), o debate é sempre enriquecedor.

Os contos pertencem ao que ele mesmo chama de fantástico, passeiam por metáforas, mitos, analogias, recorrem a algumas de suas obsessões, como labirintos e personagens míticos. Em “O Zahir” e “O Aleph”, o sobrenatural se coloca em evidência, de forma que vai se insinuando sutilmente, numa escrita envolvente e aparentemente simples. Para outros contos ali reunidos, ele buscou notícias de jornal para retraçar os passos de personagens incríveis, como Emma Zunz ou Tadeo Isidoro Cruz, cujas histórias possuem narrativa perfeita.

O único inconveniente da leitura de Borges é a gente ter uma ligeira ideia da imensidão da nossa ignorância. É muita erudição, é muita cultura, como se vê em contos como “O imortal” e “Os teólogos”, com fortes referências à literatura clássica, aos gregos, a coisas que nem imagino… Mas nada que nos impeça de usufruir as teias que tece em seus labirintos literários.

Bjs!