Maria Valéria Rezende é sempre uma inspiração. Escritora do primeiro time, detentora de prêmios importantes, como o Jabuti e o São Paulo, líder do nosso movimento Mulherio das Letras, freira católica militante da educação popular, amiga solidária de todas as horas… e rainha de uma deliciosa lojinha de livros, uma mala que carrega por onde vai.
Da última vez em que esteve em Brasília, durante a Bienal do Livro, em um encontro produtivo que tivemos com a mulherada das letras, comprei dela alguns títulos que não tinha lido ainda. O primeiro que matou minha sede de boa literatura foi “O voo da guará vermelha” (Alfaguara), ao qual já ouvira elogios, que constatei justíssimos.
O romance apresenta dois personagens num encontro improvável mas fortemente dramático: um operário analfabeto que tenta aprender a ler e escrever para contar histórias e uma prostituta soropositiva que se apaixona pelas histórias desse homem sensível. Em tom poético, em ritmo de prosa versejada, Maria Valéria alterna a narrativa do encontro desses dois com as histórias que eles viram, ouviram ou viveram por esse mundão, que vai do universal ao Brasil profundo.
Louvação da possibilidade do encontro, do amor possível, e sobretudo da arte como salvação da alma, “O voo da guará vermelha” encanta, emociona e alimenta a esperança nos corações que sofrem. Como o meu, nesses tempos de treva ameaçadora.
Aproveitei para adquirir também, mas da Casa Verde, uma pequena editora, como nós e nossa Outubro, outro livrinho da Maria Valéria. “Ninho de haicais” é uma espécie de cadernetinha que propõe ao leitor agregar as próprias anotações aos versos curtos da escritora. Ficou lindo, os haicais são poesia da ordem da natureza, do ser humano, do bom humor. Um excelente presente para uma boa amiga.
Beijos!
Obrigada, Clara!