Desculpem-me a demora em atualizar o blog, mas excesso de serviço causou isso – felicidade ter tanto serviço!

O livro que vou comentar entra no rol daqueles autores de origem judaica que tanto me apaixonam, linhagem que cultuo desde Philip Roth e Bashevis Singer, passando por Amós Oz e chegando ao brasileiro Michel Laub, entre outros.

Minha “descoberta” já é um grande autor, reconhecido internacionalmente, mas eu ainda não havia lido nada dele: Stefan Zweig, o judeu alemão que veio para o Brasil durante a II Guerra e que aqui acabou se suicidando, premido pela terrível noite vivida por seu povo e pelo planeta.

“Novelas insólitas” (Zahar) reúne seis narrativas de médio porte escritas por ele, selecionadas e comentadas por Alberto Dines, um jornalista que conhece profundamente a obra de Zweig.

Todas elas possuem força e profundidade, além da beleza da narrativa de um escritor requintado na forma e no conteúdo.

“Segredo ardente” conta a história de um jogo de sedução entre um homem e a mãe do menino narrador, que não possui ainda maturidade para entender o que se passa, mas que mergulha na angústia de descobertas, ciúmes e da sedução em si, ele próprio vítima dos estratagemas desse jogo.

“Confusão de sentimentos” fala da relação também conturbada entre mestre e discípulo, com os mistérios de uma homossexualidade reprimida num ambiente escolar marcado por idealismo e hipocrisia.

“A coleção invisível” traz uma sombria narrativa em torno de um cego enganado pela família no caso de uma coleção que já não existe.

“Júpiter” e “Foi ele” são basicamente o mesmo conto, sobre um cão e sua relação de ciúme e vingança com o dono. Ambientados em locais diferentes e com personagens levemente distintos, apresenta opostas possibilidades de desfecho, de acordo com a perspectiva otimista ou pessimista em relação à natureza dos seres. O cão, no caso, simboliza o ser humano naquele contexto de guerra e nazismo.

Por fim, o mais brilhante dos contos é “Xadrez, uma novela”, em que Zweig costura as histórias de um jogador exímio e de um judeu que foi prisioneiro dos nazistas durante a guerra e que usou o tabuleiro como escape para a tortura mental à qual foi submetido.

Bom demais, imperdível!

Beijos!