Muita gente pensa que a defesa do Bolsa Família se dá por caridade. Até tem isso, sim, mas os programas sociais são muito mais que “ajuda aos necessitados”. Representam uma política que abrange de simplesmente matar a fome até a inclusão social de camadas da população que, a partir dessas políticas, passaram a ter acesso a estudo, consumo, cidadania, direitos, quebrando ciclos seculares de pobreza e dependência.
Foi para explicar esse tipo de coisa que a jornalista Roseli Garcia escreveu “No Rastro do Bolsa Família” (Chiado), que acaba de lançar e cai como luva no momento de golpe e retrocesso que estamos vivendo no Brasil. Ao contar a história do programa de transferência de renda, Roseli explica como foi se dando, lenta mas fortemente, o aperfeiçoamento do programa, com as estratégias para evitar e punir possíveis fraudes e desvios e, ao mesmo tempo, ampliar o raio de ação da iniciativa, de modo a contemplar mais e mais famílias carentes.
O livro mostra como o Bolsa Família contribuiu para as políticas de segurança alimentar, redução da pobreza e eliminação da miséria extrema, levando, após 10 anos, à saída do Brasil do mapa da fome da ONU. Mas explica também como funcionam as condicionalidades que aliam a concessão do benefício financeiro à frequência escolar dos filhos, ao controle de saúde das mulheres e crianças e ao combate ao trabalho infantil. Aponta os resultados do programa na elevação da autoestima, na quebra do ciclo geracional, que permite que os filhos tenham maior escolaridade e menos restrições que os pais. Revela a contribuição do Bolsa Família para a redução drástica da mortalidade infantil. E constata como ele colabora para movimentar a economia, principalmente nas regiões mais pobres, como nos rincões do Nordeste, onde o único dinheiro a circular é praticamente o dos programas sociais.
“No Rastro do Bolsa Família” é um livro curto e importante, principalmente no momento de defender a política social em risco de extinção pelo golpe em curso no Brasil. Leitura fundamental para informar, esclarecer dúvidas e aprofundar o debate sobre o país que queremos.
Beijão!
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