Os livros de Fernando Morais são sempre lições de história e jornalismo. Acabo de ler “Os últimos soldados da Guerra Fria” (Companhia das Letras), uma reportagem sobre a operação de espionagem montada por Cuba para infiltrar agentes junto às organizações de extrema direita de Miami que andavam promovendo atos de terrorismo em solo cubano.
Foi assim: diversas dessas organizações de exilados cubanos são legais, recebem verbas como entidades filantrópicas ou sem fins lucrativos, mas agiam para promover atos como colocação de bombas em alvos turísticos de Cuba, visando sabotar a fonte de renda que sobrou ao país com o embargo norte-americano e o fim da União Soviética.
Agentes secretos cubanos, então, começaram a se passar por dissidentes, migrar para os Estados Unidos e se infiltrar nessas organizações, conseguindo assim informações que permitiam ao governo de Cuba evitar atentados – alguns dos quais feitos por mercenários, inclusive com mortos em alvos como hotéis de Havana, Varadero etc.
O livro de Fernando Morais conta a história que passava como notinhas em pé de página na imprensa, até que cinco dos agentes da chamada Rede Vespa foram capturados pelo FBI e condenados a penas pesadas por espionagem. Já os promotores dos atos terroristas seguiram a agir livremente. O escritor entrevistou uma série de personagens dessa história incrível, descobriu até operação secreta de ajuda entre o FBI e a inteligência cubana, troca de documentos, etc.
Mais uma pesquisa altamente informativa e extremamente bem apurada, leitura deliciosa para quem gosta de bom jornalismo. E como ele anda em falta!
Beijos!
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