Tem gente que só de ouvir falar em melodrama foge correndo. Não é o meu caso. Adoro histórias edificantes – claro, se feitas com qualidade e coração. É o caso de “Tudo que aprendemos juntos”, de Sérgio Machado, com Lázaro Ramos no papel principal.

O filme é adaptação da peça “Acorda Brasil”, de Antônio Ermírio de Moraes, por sua vez baseada na história real da criação da orquestra de Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo.

Lázaro Ramos é Laerte, violinista virtuoso, ex-menino prodígio, que sofre uma crise de pânico na hora da audição para integrar a grande orquestra da Osesp, sonho de qualquer músico clássico. Sem dinheiro e sem trabalho, após se desentender com o quarteto de cordas do qual faz parte, Laerte acaba aceitando, a contragosto, uma vaga como professor de um grupo de escola pública na favela de Heliópolis.

Ali, sem condições mínimas, com alunos desinteressados e seduzidos pela criminalidade que ronda, e inicialmente sem a menor vontade, Laerte acaba se comprometendo com a transformação daqueles jovens, entre os quais um de especial talento, que o faz lembrar da própria história.

Na construção do melodrama, as emoções conduzem a narrativa, mais que qualquer outro elemento. Sabemos que essa história não está sendo contada para levar a um final infeliz, mas que perdas haverá no caminho. O espectador espera o tempo todo que algo dê errado, e muita coisa vai mesmo acabar mal. Mas o fim já sabido é que dali nasceu uma perspectiva transformadora: a criação da Orquestra Sinfônica de Heliópolis…

Um fio de esperança e a lição de que na arte e na cultura existe um caminho possível contra a barbárie.