Depois de ler os volumes 2 e 3, finalmente consegui acesso ao Trapaça Mortal, volume 1 dos casos de Liebermann, o detetive freudiano criado pelo inglês Frank Tallis (Record). Além de ótimas como tramas policiais, as aventuras de Liebermann e seu amigo Reinhardt são bem-humoradas e excelentes aulas de história. Diversão e aprendizado.

Ambientados no início do século XX, em Viena, os livros giram em torno de um médico exercendo os primórdios da psicanálise num hospital onde ainda preponderam métodos de tortura no tratamento de histeria e outros “males” pelos quais a cultura masculina subjugava mulheres pouco adaptadas. Liebermann vai contra tudo isso, bate de frente com chefes e pares, consulta seu guru, o Dr. Freud em pessoa, e ainda tem tempo para namorar, ajudar a polícia a investigar casos de homicídio, beber com os amigos, assistir a belos concertos de Mahler e tocar piano com o parceiro policial.

Com tantas vertentes, a narrativa é interessante, divertida, instigante. Nesta trama, como nas demais, há ainda a vertente política. O pangermanismo que originou o nazismo está em plena efervescência entre certa elite austríaca naquele momento histórico. O anti-semitismo ganha fôlego, e personagens judeus, como o brilhante Liebermann e o próprio Freud, representam os alvos perfeitos da discriminação.

Conduz tudo, um crime misterioso, em que uma bela mulher, médium, foi morta com um tiro de uma bala inexistente, dentro de um quarto trancado por dentro, com sinais de magia negra e de deuses pagãos desafiados. Só mesmo a inteligência, os conhecimentos do inconsciente e o feeling de nosso herói para sair dessa.

Beijins!