Sou adepta da tese de que leitura difícil é uma espécie de malhação para o cérebro. Cada vez que venço o desafio de ler algo que não domino, sinto-me mais inteligente – ou pelo menos tentando sê-lo. Acabo de ler “A fantasia da eleição divina – Deus e o homem”, de Sergio Becker (Companhia de Freud Editora), um estudo, com base nas teorias de Freud e Lacan, sobre Hitler e o Holocausto.
Apesar de difícil, mesmo, principalmente porque os conceitos lacanianos operam numa linguagem nem sempre acessível, a partir de códigos diferentes da linguagem usual, o livro circula também pelos aspectos históricos, o que lhe confere maior legibilidade.
Para explicar Hitler e sua relação com os judeus, estuda as raízes do anti-semitismo, as relações ente os judeus e outros povos desde a Antiguidade, outros aspectos do racismo, de preconceitos e discriminações. O autor é psicanalista brasileiro e judeu. Morou em Israel. Conhece o que diz.
Costurando a interpretação de uma psicose de Hitler com fenômenos históricos e políticos, ele joga luz sobre a “solução final”, que tentou eliminar da face da Terra todo um povo, sob alegações que vão do moral e do religioso ao pseudocientífico, conforme as armas usadas pelas forças que atuaram naquele momento tenebroso da humanidade.
Apesar de leitura desafiadora e muitas vezes espinhosa, o livro é elucidativo de uma situação que ainda percebemos por aí, travestida de outros “ismos”, mas igualmente nefasta.
Beijos!
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