Custei mas fui ver Serra Pelada”, de Heitor Dhalia, um bom drama com toques de faroeste caboclo. Importante a imersão que o filme faz naquele universo de violência e vale-tudo no garimpo do início dos anos 1980. Mostra não apenas uma condição social, econômica e política de um Brasil que o Brasil desconhece, mas uma psicologia também pouco conhecida, a febre do ouro, que vicia tanto quanto os apelos mais corriqueiros, como o do sexo e o da droga, tão presentes naquele microcosmo.

Para contar a história de dois amigos que se aventuram em busca do sonho do ouro no garimpo do Norte distante, do Brasil profundo, são fundamentais as interpretações de Juliano Cazarré e Júlio Andrade, dois atores com trajetórias sólidas no cinema e já aparecendo bem na televisão. Dois grandes intérpretes, que dão nuances aos personagens, sem deixá-los cair no maniqueísmo de heróis e vilões.

As participações “menores” em termos de tempo de tela não querem dizer menos qualidade, principalmente quando se fala em Wagner Moura e Matheus Nachtergaele, como dois criminosos poderosos. A jovem Sophie Charlotte, lindíssima, faz sua parte com dignidade e compõe um padrão de elenco de primeira.

Diálogos, atuações, recriação do ambiente, música, fotografia, tudo em “Serra Pelada” é de primeira e faz deste um dos bons brasileiros em cartaz. Afinal, uma boa história, bem contada, é o que o público deseja e merece.

Bjs!