Elogiei aqui outro dia o policial Preto no Branco, de George Pelecanos. Pois agora li o outro dele, No Inferno, com os mesmos personagens do anterior. Olha, esse é dos bons. O herói dos romances é o investigador particular Derek Strange, um negro que foi da polícia e há décadas ganha a vida encontrando pessoas desaparecidas, entre outros casos que investiga. Passa a trabalhar com ele o branco Terry Quinn, que no livro anterior foi investigado por Derek ao matar um policial negro e ser inocentado. Tem também Janine, a namorada que Derek ama e trai. E um bando de traficantes, bandidinhos, prostitutas, drogados, tipos de maior ou menor estatura social.
Ambientada em Washington, em bairros de população negra, pobre e sem futuro, a trama acompanha tanto crimes comuns no dia a dia dessa gente, como assassinatos e violência banalizada, quanto os dramas interiores dos protagonistas, sempre divididos entre fazer a coisa certa ou dar vazão a um quase incontido sentimento de justiça, que eles sabem não dar conta do problema, pois multiplica a lógica da vingança… e da injustiça.
Neste livro, Derek se revolta com o assassinato de um dos bons meninos que ele treinava no time de futebol americano, enquanto Terry ajuda a nova namorada a resgatar meninas perdidas para a exploração sexual. Sordidez pra todo gosto.
Pelecanos foi jornalista e produtos de cinema e TV. Tem um domínio da narrativa e uma construção de personagens sensacional. Seus livros já estão entre os meus favoritos nesse rico universo do gênero policial.
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