A chuvona de ontem me tirou de casa e do online por mais tempo do que eu calculava, então fiquei devendo comentários sobre o Oscar. Na verdade, faltaram meus comentários justamente sobre “Argo”, que acabou vencendo o grande prêmio, e “A hora mais escura”.

Não por coincidência, os dois muito elogiados, mas, para mim, padecendo do mesmo problema político. Como aceitar – sem criticar – filmes que têm como protagonistas agentes da CIA, e o pior, como heróis. É muito.

Sim, “Argo” é um bom filme, e Ben Affleck (foto) tem noção e não é bobo de esconder que o problema de tirar do Irã os americanos é agravado pelo fato de os EUA terem apoiado, com toda cumplicidade, o regime violento do xá. E pelo fato de boa parte das atividades naquela embaixada ser de fato espionagem.

Mas nos dois casos dos dois filmes (Irã e Bin Laden), trata-se inegavelmente da troca de inimigos pós-Guerra Fria – dos comunistas para os “terroristas islâmicos”, tenha isso ou não contexto histórico. A economia do poderoso império precisa de guerra para sobreviver.

Mesmo sem defender a Al-Qaeda ou o Talibã, não dá também para vitimizar os norte-americanos diante de seus novos inimigos. E os filmes fazem isso. Mesmo um filme interessante como “Argo”, com tensão dramática e bons personagens. “A hora mais escura” também tem suas tensões bem construídas, mas notemos como eles lamentam o fim da tortura após a eleição de Obama.

Eu preferi torcer para “A vida de Pi”, de Ang Lee. Lindíssimo filme. Perdeu.

Beijões!

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