De volta a um autor que aprendi a apreciar, o gaúcho Menalton Braff, li dele o volume de contos “A coleira no pescoço” (Bertrand Brasil, 2005). São 20 contos em que o menor e o mais sublime do ser humano se esbarram e confrontam, por meio de histórias simples e duras. As metáforas começam e terminam no cão, do prisioneiro do velho, no conto que abre e dá nome ao livro, ao último, de nome Ego, na história que fecha o conjunto.
As perdas e os vazios ocupam todos os espaços, sem contemplação. No conto “Signo de Touro”, Clotilde se desintegra ao rejeitar Sebastião, e passa o tempo (da narrativa) à procura de si. Assim vão os personagens, tentando ir embora, tentando encontrar o pai que um dia se foi, tentando trocar o passado na zona pelo tédio ao sabor de chocolate.
Econômico, seco, duro, implacável, Menalton Braff não desperdiça seu tempo nem o dos leitores. Cada palavra milimetricamente colocada na página traduz um estado de alma desconsolado. Dói, mas seduz.
Beijins!
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