Assim como outro José, seu xará (ninguém menos que Saramago), o Rubem Fonseca lançou seu pequeno, delicado e rico livro de memórias da infância, José (Nova Fronteira). Trata-se de uma viagem sentimental ao menino que ele foi, primeiramente em Juiz de Fora, Minas Gerais, e depois no Centro velho do Rio de Janeiro, nos anos 30 e 40 do século XX.
Obra delicada e tocante, ligeira, José relata a gênese de algumas das paixões do escritor, como a leitura e a escrita, que balizaram praticamente toda sua vida, embora ele tenha sido também policial, o que lhe ensinou sobre o mundo dos crimes e bandidos sobre os quais tão bem escreve.
Mas é de literatura, lida e escrita, que se trata o principal das lembranças do velho José ao falar do pequeno José. Ele e sua vida interior a bordo de livros que lhe caíam às mãos com aventuras de capa e espada, com condes de Monte Cristo, mosqueteiros e capitães Nemo que acabaram conduzindo-o a outra infinidade de autores e obras.
O Rio de sua época, o carnaval, o cinema, o sexo, a praia, a cidade, as descobertas… Em breves porém fulgurantes capítulos, Rubem Fonseca, partilha com seu leitor apaixonado a saudade do que foi antes de ter se tornado tudo isso que é para a literatura brasileira.
Beijocas!
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