Outra leitura tardia que fiz recentemente foi a do romance Se eu fechar os olhos agora, de Edney Silvestre (Editora Record), vencedor dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti, ambos no ano passado. Que prêmios justos! Como é bom o livro!
Mais conhecido por seu trabalho como repórter de televisão, em especial como (ótimo) entrevistador de escritores na Globonews, Silvestre revela uma veia literária muito além do talento jornalístico. Aliás, o domínio romanesco que exibe neste livro nada tem a ver com a capacidade treinada anos e anos como repórter. É resultado de outro talento.
Ambientado em 1961, quando o Brasil vive um momento de inflexão rumo à modernidade, o enredo se passa numa cidade do interior fluminense em que dois amigos, ambos com 12 anos, se unem a um velho comunista, morador de um asilo, para investigar, por conta própria, o assassinato de uma mulher cujo corpo eles encontraram num lugar ermo.
A mulher do dentista foi barbaramente trucidada, mas a curiosidade e a simpatia dos garotos e do velho por uma causa com ares de perdida os fazem descobrir uma trama que envolve interesses políticos e econômicos, segredos de Estado e de alcova, exploração, racismo, violência e sedução. Tudo amparado por uma narrativa precisa, fluente, elegante, um romance que pega o leitor e não o deixa mais largar.
Beijus!
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