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A boa e velha veia de Woody Allen está inteira em seu novo filme, Tudo pode dar certo, que acaba de estrear nos cinemas. Da trama cheia de armações e desarmações amorosas aos toques filosóficos que perpassam tudo; das interpretações de um elenco desta vez sem as figuras mais carimbadas à trilha sonora sempre de bom gosto, com espaço para Desafinado como tema de uma das personagens.

Larry David faz Boris, o irascível e insuportável velho niilista e mau-humorado que não dá conta da falta de sentido da existência até literalmente trombar com uma jovem cheia de vida, Melody (Evan Rachel Wood, com ele na foto), que, com sua doçura e maleabilidade, vive com ele um jogo de Pigmalião, tornando alta filosofia sua ingenuidade.

A entrada em cena da mãe de Melody promove uma guinada na trama, com novas possibilidades existenciais e amorosas para todos: para a jovem senhora, na carreira artística e no menage à trois; para a filha, com uma paixão inesperada; para o pai da moça, com a descoberta de outra sexualidade; e até para o próprio Boris, que mergulha na morte para reencontrar a vida.

Woody Allen não perde o pulso, a verve, as boas piadas, a chance de apostar em salvação, mesmo preconizando a falta dela. Como sempre, dá show.

Beijos!