Sei que é dezembro porque, ao sair cedo de casa para pedalar no parque, deparei com as cássias floridas naquele amarelo esplendoroso que só havia visto em dezembro do ano passado.
Frondosa e imponente, seja cássia, canafístula ou o nome que tenha, no cerrado ou no Paraná, ela teceu no chão um tapete de ouro sobre o qual as rodas da minha bike passaram impiedosas, afinal, flanar sobre um mar de flores não é dado a qualquer um, a qualquer mês. Benditas cássias a anunciar dezembro, com tudo que isso quer dizer: fim de uma jornada, hora de dar balanço em planos não feitos e cumpridos, em sonhos planejados e irrealizados, hora de escolher entre a bebedeira desvairada e a adesão incontida ao impulso da saúde, do sol, do sal, do sul, ar pulmões adentro, pernas pra que te quero, pra viajar, aqui ou lá, com a mente flutuando entre o ontem e o amanhã, sabendo que só existe mesmo o hoje.
Hoje de dezembro, de cássia amarela, de chão de flores, de pedal a desafiar o tempo. Balanço: quem fica parado é poste. Na bike, ou você pedala ou cai. Feliz, saio por aí montada na magrela amarelinha, vestida de amarelo, olhos a contemplar o infinito amarelo das cássias em flor.
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Eu sempre leio seu blog, Clarinha, mas não comento por pura preguiça. Pronto, falei. Aliás, é raro eu dar pitaco nos blogs alheios. Leio na moita mesmo, escondidinho.
Resolvi passar por aqui para dizer que estou com saudades e mandar um beijão.
Ah, estou com um blog também (que provavelmente, como os outros 100 que já criei na vida, não vai pra frente. Ah, what the hell, né?). Aguardo sua visitinha.
Um beijão.
PS: Eu não sei andar de bicicleta. Acredita? E acredito que este fato é diretamente responsável para eu não dirigir também. Enfim.