A mostra competitiva do 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou quente, com um curta regular, um ótimo, e um longa muito legal. O curta carioca Homem-bomba, de Tarcísio Lara Puiati, tinha argumento interessante (o diálogo entre dois meninos do tráfico de drogas no alto de um morro), mas interpretações fraquinhas, aquém da necessidade do texto. Já o gaúcho Amigos bizarros do Ricardinho, de Augusto Canani, foi um show de bom humor, de montagem ágil e texto inteligente, candidato à consagração do público.
A noite terminou com o documentário Filhos de João, admirável mundo novo baiano, que narra a trajetória do grupo musical, time de futebol e comunidade hippie Novos Baianos. Com depoimentos interessantes – Tom Zé rouba a cena do início ao fim – e cenas de arquivo, o filme apresenta às novas gerações boa parte da história de uns malucos que renovaram a música brasileira num período fechado da ditadura militar. A alegria e o talento marcaram o grupo de Moraes Moreira, Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Dadi, Jorginho e tantos outros. Vários deles dão depoimentos enriquecedores sobre a história – apenas Baby concedeu entrevista e depois vetou sua inclusão no filme, conforme relatado nos créditos e explicado, em entrevista, pelo diretor, Henrique Dantas, como sendo “questões financeiras”. Lastimável para alguém que, pelo que mostra o filme, viveu uma época na vida em paz, amor, liberdade total e voto de pobreza…
Na primeira foto, parte da equipe de Filhos do João, com o compositor Galvão ao microfone. Na segunda, o diretor (ao centro) de Amigos bizarros do Ricardinho.
As fotos são de Paulo de Araújo.
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