Há alguns problemas com o cineasta Roberto Benigni. O maior deles, na minha opinião, ser o poeta do óbvio. Não que ele não seja poeta, o defeito é a verborragia. Enquanto gênios como Chaplin, Tati e poucos outros se esmeravam na economia, no enxugamento máximo de palavras e ações, Benigni fala pelos cotovelos, despeja palavras e gestos. Seu O tigre e a neve é um filme poético – sem novidade, uma vez que ele próprio inaugurou a estrutura. É ousado, ao botar o dedo na ferida aberta da Guerra do Iraque. É corajoso, ao pisar no campo minado do humor e da tragédia numa situação que o mundo discute com reverência. A cena da morte do poeta iraquiano revela sua disposição de não poupar questões. Mas o falatório over contamina boa parte de sua graça, de seu personagem, e tira da produção as melhores chances de ser um grande filme. Ainda sobra muita coisa, tem também o sonho, com Tom Waits, que sempre vale. Infelizmente, fica no quase.
Beijos!
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