Foi sensacional a travessia da trilha entre Barreirinhas e Tutóia, ainda no Maranhão. Na noite de segunda, cheguei lá, não fiquei na pousada do Cacau, mas na Guará’s. Sem sabonete, só chuveiro frio, bem tosca mas perfeita pra quem precisava dormir. Na manhã seguinte, pegamos a chalana do Mundim (o Francisco de ajudante, sabe tudo) e fizemos a travessia entre Tutóia e Tatus, já no Piauí. É o dia inteiro de barco pelas águas já do Delta, às vezes doces, às vezes salgadas, já que a maré comanda: quando sobe, traz a água do mar, quando baixa, manda o rio.
Foi lindo, fomos parando, nadando aqui e ali, vendo garças brancas e azuis e sofrendo para ver um guará, ave vermelhona (dizem que é porque ele come caranguejos, mas ninguém me explicou como a cor chega às penas). Só consegui ver um guará adulto e um criancinha (penas cor-de-rosa, não deu tempo de acumular tantos caranguejos).
Agora estou em Parnaíba, esperando o ônibus pra ir pra Teresina. Depois conto mais sobre o Delta. Vou ver se consigo me conectar de novo ainda hoje, lá na capital – por aqui fiquei muitos dias incomunicável.
Acabei de ler O grande incêndio, de Shirley Hazzard, um romanção à moda antiga passado dois anos depois do fim da Segunda Guerra, em Hong Kong e no Japão. Oficiais ingleses e australianos à procura de sentido para a vida após a bomba e a o vazio deixado por Hiroshima. Amor, lealdade, honradez são alguns do temas, com direito a viagens por todo o mundo.
Beijos!
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