O volume “No verso dessa canoa”, de Marcus Freitas (Flor&Cultura). reúne poemas de sua produção entre 1993 e 2005. Uma leitura para quem gosta de poesia e não se contenta com pouco. Afinal, Marcus possui, entre suas qualidades de poeta, do lirismo e da profundidade à leveza do humor, virtudes raras.
O primeiro “livro” do livro, “Redondilhas roubadas”, se compõe de uma seleção, conforme ele próprio explica no prólogo da edição, de uma forma tradicional da poesia portuguesa, tema de seus estudos e meio em que se expressa na redescoberta de temas e motivos.
O segundo, “Sonetos eróticos”, volta à tradição de Bernardo Guimarães e outros autores que se permitem brincar com os sentimentos mais profundos e as explicitações mais descaradas. Aqui, humor e amor se unem sem as fraturas que o pudor costuma gerar, num resultado delicioso – mas não para reprimidos ou moralistas.
“Barca da dúvida” é o épico que reescreve ao sabor da lenda a saga de Noé. Sem mitificações, no entanto, o mote da dúvida reconstrói o heroísmo do personagem, humaniza-o e faz dele um narrador apaixonante da própria saga da humanidade, em suas dúbias relações com Deus e com os mistérios.
“Canto do tordo” enfeixa poemas de versos livres e quase bilíngues, da vivência do autor no exterior. Com elegância, ele cruza Minas com os Estados Unidos, numa composição de forte imagética, traços românticos e a leveza de um humor sempre presente, seja nos sentimentos, seja na linguagem.
Uma delícia de leitura!
Beijins!
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