Escrito em 1966, lançado em 1967, reeditado em 1997, saiu agora em edição primorosa, pelo selo Alfaguara, da Objetiva, o romance referência de Carlos Heitor Cony, Pessach – A travessia. Forte, emblemático, narra a mudança na vida de um escritor cético e cínico, a partir do convite (inicialmente absurdo) para integrar a luta armada. A época sinaliza o quão incipiente ainda era a questão no Brasil, apenas dois anos após o golpe. Mas os questionamentos levantados pelo autor não perderam a atualidade. O personagem central, Paulo Simões, renega a origem judaica da família, mas se vê perseguido pelos significantes do nome original (Simon) e por ameaças ancestrais. Recria, a seu modo, a passagem bíblica em que Moisés conduz o povo hebreu da escravidão para a liberdade, no trajeto de comprometimento do protagonista com uma causa, cujo pano de fundo é social e político mas com determinantes individuais, em que pesam amor e ódio, sentido para a vida. Uma obra de peso, bem escrita e com personagens marcantes.
Beijos!
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