Por outro lado, não se pode ficar de todo ausente da pauta, então li também o romance da moda, “50 tons de cinza”, de E. L. James (Intrínseca, 456 páginas). Desde o início, se percebe que tem todos os elementos do best-seller: romantismo, erotismo, toques de tecnologia, escrita fluente, superficialidade.
A narradora, a jovem Anastasia, inteligente, tímida, dada a corar a cada pensamento ou olhar mais intento, fica conhecendo por um acaso o multimiliardário Christian Grey (cinza, em inglês). A paixão entre eles é instantânea, mas a sedução inclui a perda da virgindade dela e a revelação de que ele só aceita a relação entre dominador e submissa, o que inclui contrato, cláusula de confidencialidade, obediência, sujeição a perversões etc.
Entre iPhones, Macs, helicópteros, trocas de e-mails e outras modernidades, Ana descobre que Christian foi abusado na infância, o que explica muitas de suas excentricidades, e se envolve a ponto de experimentar limites de violência e prazer sado-masoquista.
O leitor sabe o tempo todo aonde aquilo tudo vai dar, não precisava de quase 500 páginas para tal. Também é página demais para apenas dois personagens, já que os coadjuvantes (os amigos dela, os empregados dele e as famílias dos dois) servem apenas de muleta narrativa, sem importância, história ou psicologia próprias.
Lê-se rapidamente. Ao final, a editora acrescenta o primeiro capítulo do segundo livro, numa tentativa de manter a atenção do leitor. É uma trilogia, e pelo andar da carruagem virão mais mil páginas de Chris tentando surrar Ana e Ana tentando abrir o coração de Chris. Pra mim tá de bom tamanho. Não vou ler os outros dois.
Beijocas!
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