Estou devendo o comentário de vários livros que li recentemente e não tive tempo de postar. O primeiro é uma coletânea de contos que homenageia a obra de Chico Buarque. Autores brasileiros e estrangeiros são convocados a criar a partir de canções do poeta maior da MPB e daí tiram inspiração, releitura, recriação, ao sabor da criatividade de cada um.
“Essa história está diferente – Dez contos para canções de Chico Buarque” (Companhia das Letras) tem organização de Ronaldo Bressane e vai dos gaúchos Luis Fernando Verissimo (Feijoada Completa) e João Gilberto Noll (As Vitrines) ao mineiro André Sant’Anna (Brejo da Cruz), ao paulista Cadão Volpato (Carioca) e ao cearense Xico Sá (Folhetim). Do moçambicano Mia Couto (Olhos nos Olhos) aos argentinos Alan Pauls (Ela faz cinema) e Rodrigo Fresán (Outros Sonhos), à brasileira-chilena Carola Saavedra (Mil Perdões) e ao mexicano Mario Bellatin (Construção).
Esse tipo de produção feita sob encomenda sempre esbarra no risco de alguma coisa forçada. Não é o caso da maioria dos contos aqui presentes, que levam assinaturas de peso, de grandes nomes do continente. Claro que há destaques: os dilemas da mulher que quer deixar o marido gente boa, no conto de Verissimo, e do homem que espera a moça na saída da escola, no de Pauls; a dupla narrativa de Carola, única mulher presente no livro; as dores da separação na história escrita por Mia Couto; a viagem estruturada sobre a estrutura de Construção, no conto de Bellatin.
Trata-se de leitura densa, nem sempre fácil, mas de rigor e qualidade. Amantes da obra de Chico devem ler os contos ao som da música e viajar na inspiração dos autores.
Beijos!
Posts recomendadosVer Todos
A descoberta do Brasil e outros deslocamentos
Delicada e forte carpintaria literária
Diferentes emoções numa impressionante coleção de contos
Silêncio! Precisamos ouvir o canto da iara
Nas alturas escarpadas da estética
Falta de pensamento e de contato com a realidade, e a canalhice de sempre