O Jonas Vilela queria ler algo sobre Gêngis Khan, pois sentia que não saber sobre ele seria uma falha em sua formação histórica. Me pediu emprestado o livro, mas achei melhor lê-lo antes de emprestar. Assim, por demanda do grande psicanalista, meu cunhado, li Gêngis Khan – A vida do guerreiro que virou mito, de John Man (Ediouro, 436 páginas, R$ 39). Para minha surpresa, tratava-se de mais que uma biografia em forma de romance histórico. Trata-se, na verdade, de uma ampla pesaquisa desenvolvida pelo inglês, que viajou longamente à Mongólia e destrinchou a história daquele país, daquele povo, com seus costumes e, claro, o líder que unificou e deu início à construção e expansão de um império que chegou a cobrir meio mundo, literalmente.

Gêngis teve uma vida de feitos desde a infância, e boa parte de tudo foi registrada num livro escrito em seu tempo e usado como fonte por Man. Muita coisa não consta no livro, mas aparece em registros de historiadores turcos, russos, chineses, etc. Assim, cotejando fontes, visitando, pesquisando, John Man traça seu painel. Tanto a história de Gêngis quanto a do povo mongol e a saga de Man em busca do local exato do túmulo de Gêngis estão no livro, ao lado de mapas, fotos, reproduções de obras de arte da época e posteriores.

A conclusão passa pela política contemporânea, já que, durante o tempo da União Soviética a Mongólia pertenceu ao “império russo” e hoje recuperou a independência, mas sob forte influência da China (que já dominou).

Dois fatos curiosos: tanto a China quanto a Mongólia reivindicam a memória de Gêngis. A Mongólia, por motivos óbvios, por ter sido ele o líder de um império. A China, porque Gêngis é considerado o fundador de uma dinastia e, assim, ele teria liderado não a Mongólia, mas a China, na expansão do império. A outra curiosidade é o fato de um guerreiro sanguinário e implacável, que comandou extermínio em massa de povos e culturas, como os muçulmanos, hoje inspirar um endeusamento como figura de paz e espiritualidade.

Beijos!

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