O livro Memórias de um intelectual comunista, escrito por Leandro Konder, traz uma vida rica em fatos e personagens políticos marcantes na história do país. O mais cativante no livro é a delicadeza de Konder ao falar de si, da família, da própria trajetória. Modesto sem falsidade, não precisa se gabar de tudo que fez numa carreira marcada por importantes reflexões filosóficas sobre o marxismo e outras correntes, sobre temas os mais profundos e, às vezes, também prosaicos. Em textos curtos e de poucas adjetivações, acompanhamos o menino filho de comunista criado num Rio de Janeiro de outros tempos. Nascido em 1936 (ou 1935, se a avó o registrou com data errada de nascimento), Konder viu o pai ser preso e perseguido por ser comunista. Foi, ele próprio, preso e torturado. Militante do PCB, o Partidão, acabou filiando-se ao PT após o fim da ditadura. Viveu o exílio, produziu como acadêmico e como jornalista, escreveu muitos livros, influenciou gerações e ajudou a construir a nova democracia brasileira, a partir de uma postura plural e da releitura do marxismo em consonância com o que requerem os novos tempos.
Beijos e feliz ano-novo!
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