Nunca (nos anos recentes) o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou tão focado na ficção como nesta 43ª edição, cuja mostra competitiva teve início na noite de quarta-feira. Os dois curtas – Cachoeira, de Sérgio José de Almeida, e Fábula das três avós, de Daniel Turini – apontaram o tom que o longa – A alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande – seguiria. Era o tom da fantasia sem amarras.
Em que pese a falta de recursos técnicos e financeiros, o primeiro curta da noite valeu pela presença raríssima da cinematografia amazonense no circuito nacional. O próprio ator principal, Begê Muniz, explicou que eles não têm tradição nem verbas, de modo que só a presença ali já seria uma vitória. Em cena, além de lendas contemporâneas ligadas aos índios, a oportunidade de ouvir outras línguas faladas em nosso país, pelo menos três de diferentes etnias.
O segundo curta, paulista, foi o melhor da noite. Situa uma menina na fronteira entre Alice e Dorothy. Ao ficar órfã, ela encontra em um amigo gato o companheiro na procura pela avó ideal.
Finalmente o longa carioca esbarra em muita pretensão e alguns acertos para lidar com sonhos e expectativas de uma faixa da adolescência em que se é naturalmente pretensioso. Os recursos eram muitos, mas o uso deles nem sempre acerta a mão. Falta texto, pelo menos texto bom. Interpretações interessantes, como a da protagonista. E mistura de referências, de monstros marinhos a São Jorge, que confundem mais que explicam. Uma panorâmica pouco usual de um Rio de Janeiro bem contemporâneo.
Enfim, o FBCB começa polêmico, o que não é pouco e é sempre bom.
Beijocas!
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