Nos dias em que a sociedade se mobiliza para enfrentar o gravíssimo problema do feminicídio, mais atual e necessário se faz o novo livro da jornalista e escritora Sulamita Esteliam, Em Nome da Filha (Viseu), um romance que mergulha fundo na questão.
A Sulamita repórter acompanhou, durante anos, a saga de Gercina, mãe de Mônica, na tentativa – vã – de conseguir punição para o homem que matou sua filha. Callou era militar do corpo de bombeiros e usava desse “privilégio” para se safar de todas as violências que cometia contra a mulher, Mônica. A corporação fingia puni-lo, mas ele sempre obtinha era prêmios, promoções, enquanto abusava de uma relação de controle e dominação sobre a companheira.
Gercina, a mãe, que se opunha ao relacionamento tóxico da filha, teve que assistir ao desenlace previsível nesse tipo de caso. Callou ateou fogo ao corpo de Mônica. Condenado, safou-se da pena, beneficiado por suposto bom comportamento e outras atenuantes de que se serve o machismo predominante no direito, na justiça, na sociedade.
Sulamita acompanhou, solidarizou-se, e por fim romanceou a história, de modo que temos a visão objetiva dos fatos e também uma leitura subjetiva, mas muito elucidante, das motivações de uma mulher para se submeter a uma relação tóxica e violenta como aquela. O resultado, o livro Em Nome da Filha, é uma leitura que não se larga antes da última página. Triste, sofrida, mas imprescindível.
Sulamita Esteliam é jornalista mineira que, após passagens pelo Ceará e por Brasília, radicou-se em Recife. Nesta terça (26/11) ela está na capital federal para o lançamento do livro, às 19h, no Tiborna, na 403 Norte.
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