É vertiginoso o novo romance do norte-americano Michael Chabon , Associção Judaica de Polícia. Trata-se de ficção política, uma transversal da ficção científica em que se imagina um outro futuro, não determinado pelas transformações tecnológicas, mas pelas sociais. A história, que de fato é um romance policial, se passa no Alasca, para onde os judeus do mundo foram mandados há quase 50 anos, desde que perderam para os árabes a guerra pela Palestina. Não há Israel. Confinados provisoriamente num território que será revertido aos EUA em breve, os judeus vivem numa região inóspita, se multiplicam em meio a fanatismo e violência.
O protagonista é um típico herói de trama noir. O detetive Meyer Landsman vive num hotel fuleiro, uma espelunca onde aparece assassinado um viciado em heroína. Contrariando as ordens de sua superiora, a própria ex-mulher, Bina, Landsman resolve investigar o crime. Algo na decadência da vítima os irmana. Afinal, também o detetive está no fundo do poço, bêbado e desleixado.
A trama complexa, que consome quase 500 páginas, envolve seitas, golpes, um suposto Messias que teria chegado e seria o estopim de uma revolução neossionista, propiciando a sonhada volta à Terra Santa, conflitos entre judeus e os índios que originalmente habitavam a região, entre judeus e o governo americano.
A literatura de Chabon é muito interessante, uma escrita sem concessões, em que termos em iídiche e uma história reescrita ao sabor da inventividade tragam o leitor numa vertigem da imaginação. Sensacional.

Beijos!