O Oscar deste ano não vai ser fácil. A cada novo filme que vejo, crescem as dúvidas, principalmente sobre as categorias de atores. Ontem (dia 16), o filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, mostrou sua força e ganhou o troféu melhor do ano pelo Bafta, a premiação anual britânica. Com uma história incrivelmente triste e interpretações brilhantes, o filme é fortíssimo candidato – no meu entender, ao lado de O Lobo de Wall Street e Gravidade. Dos que vi, Trapaça não tem o mesmo nível desses três…
A história de um homem livre, do norte, Solomon Northup, que é sequestrado e vendido como escravo, com papéis falsificados, e passa 12 anos nas lavouras do sul, sofrendo todo tipo de violência, já rende drama e boas denúncias. Só que o filme vai mais fundo. Fala de dignidade, da luta não apenas para sobreviver e reconquistar a liberdade, mas também para não carregar na consciência a rendição à brutalização à qual Solomon é submetido.
Solomon toca violino, tem uma bela família e vive como homem de bem, respeitado por sua comunidade. Nas andanças como escravo, na colheita de cana e de algodão, assiste ou participa de torturas, humilhações, barbaridades, estupros, terror físico e psicológico. Resiste como pode. Até conseguir provar quem de fato é e deixar para trás o pesadelo de 12 anos.
Chiwetel Ejiofor (na foto com o também ótimo Michael Fassbender) ganhou ontem o Bafta. Na pele de Solomon, confere a grandiosidade épica que o papel e o drama requerem, com suas nuances de sofrimento que conectam o espectador sem apelar para a lágrima fácil. Um filme duro, mas delicado, com uma recriação perfeita desse momento tenebroso da chamada civilização ocidental.
Beijos!
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