Dois romances com tons históricos foram algumas das leituras recentes que fiz e que acabei não comentando aqui:
– Na noite do ventre, o diamante, de Moacyr Scliar (Objetiva) – um daqueles romances históricos com que Scliar nos brindava sempre, ambientado em um vórtice formado entre o Brasil colônia e a Europa que sai da Idade Média até chegar ao século XX. Explicando: um diamante é o fio condutor da narrativa. Descoberta, vendida, roubada, a pedra passa de mão em mão, sai do interior de Minas, vai para a Holanda, esbarra no filósofo Espinosa, conhece judeus pobres e perseguidos, desaparece ao ser engolido na fuga de uma família russa, volta ao Brasil, e assim as voltas se dão de cá pra lá, de lá pra cá… Com a costumeira verve narrativa do escritor gaúcho e aquele humor sutil que marcava tudo que ele fazia. Genial!
– A mãe da mãe da sua mãe e suas filhas, de Maria José Silveira (Globo) – Também histórico, esse romance é pretensioso no bom sentido. A escritora pesquisou muitas fontes reais para traçar uma árvore genealógica ficcional que remonta à primeira mãe de uma família a nascer no Brasil. Trata-se na sequência da história da primeira indiazinha a namorar um português chegado ao país em 1500, e depois de sua filha, e assim sucessivamente. São dezenas de protagonistas, cuja característica em comum foi ter tido uma filha que teve outra. Elas se cruzam com índios, portugueses, negros, alemães, franceses, judeus, árabes, e vai por aí afora, originando essa incrível mistura de etnias que forma o Brasil. Algumas das personagens são mais heroicas, outras mais apagadas, umas histórias melhores, outras menos interessantes, mas a estrutura e o resultado são feitos de maneira a conquistar o leitor ao longo das 368 páginas.
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