Uma das leituras combinadas para o grupo do qual faço parte, sobre livros e autores de Brasília, é “Memória da Pedra”, de Maurício Lyrio, um diplomata que mora na capital federal, mas cuja temática diz respeito ao Rio de Janeiro – pelo menos no romance em questão.
O livro é bom demais. Polpudo, bem escrito e bem tecido, acompanha um momento na vida de um professor de filosofia da universidade fluminense. Solitário e contido desde que teve a vida marcada pela morte dos pais em acidente de carro, Eduardo resiste ao amor e às relações, mas acaba se envolvendo com um menino de rua por quem se sente unido de alguma maneira. Leva o menino para casa, apresenta-lhe outras possibilidades, introduz o rapazinho na sua vida, na da namorada, dos sogros etc.
Claro que isso vai trazer desafios, que levam tanto a realizações incríveis quanto a desastres esperados. Ao mesmo tempo, na relação de Eduardo com seu único amigo, o médico Gilberto, as coisas se complicam pelo cruzamento de histórias com as mulheres de ambos, Laura e Marina. Essa, por sua vez, ruma para o suicídio, o que vai gerar consequências na vida de todos.
A tensão política do Rio de Janeiro e do Brasil da época das Diretas se mescla com as tensões sexuais e familiares que permeiam toda a narrativa e todos os personagens, numa construção densa de um romance que, embora não seja de fácil mastigação, permite uma digestão especial.
Beijos!
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