O escritor e querido amigo Marcus Freitas acaba de lançar novo romance, mais uma trama policial, como foi seu primeiro, Peixe Morto (Autêntica, 2008). O Rio dos Vestidos Amarelos (Impressões de Minas) é protagonizado em primeira pessoa pelo ex-delegado Romero Puntel, agora aposentado e disposto a se tornar investigador particular. A história investe em desvendar assassinatos em série cometidos por algum tarado em HQs, em especial heróis perturbados, como o Homem-Aranha. As vítimas são sempre belas jovens trajando, claro, vestidos amarelos.

A ambientação do romance se dá quase toda na Região Leste de BH, Santa Efigênia, Baleia, Taquaril, Paraíso, região dos hospitais… Uma área que me é muito cara, por ter grande parte da minha vida ligada àquele pedaço. Aliás, não são poucos os pontos de afinidade entre Marcus Freitas e eu, desde os amigos em comum que nos apresentaram até a paixão pela escrita, pelos livros, pelas resenhas.

Aqui, em O Rio dos Vestidos Amarelos, outra paixão nos une: a história das águas subterrâneas de Belo Horizonte, praticamente todas cobertas hoje de asfalto – quando se rebelam, são elas as responsáveis pelos alagamentos que todos os anos fazem vítimas, numa resposta à estupidez de tentar conter a natureza e sua força. Escrevi um livro sobre isso para uma editora parceira, mas ainda está inédito.

(Nem digo pela cor do título de seu livro, já que tenho três de minha autoria na mesma vibe cromática: O Planeta das Flores Amarelas, Siga as setas amarelas e Verde, vermelho, amarelo… rsrsrs.)

Marcus Freitas domina a técnica narrativa com desenvoltura e charme. As reviravoltas que a trama dá de acordo com os sonhos e delírios do narrador ajudam tanto a confundir quanto a esclarecer os meandros da trama, o labirinto em que a mente do investigador se emaranha. Além dos mais, o escritor insere galhos sobre música, cinema, cultura, sobre a cidade (nossa amada Belo Horizonte e sua história, seus personagens, cenários e mistérios), o que propicia leitura de deleite e constante emoção.

Não posso deixar de mencionar a excelente edição da Impressões de Minas, com projeto gráfico e acabamento primorosos, dignos do belo romance de Marcus Freitas.