Este ano não estou acompanhando tanto a corrida pelo Oscar, mas fui ver “O Lobo de Wall Street” e encontrei ali um forte candidato. Mais uma parceria bem-sucedida entre Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio, mais um filmaço. São três horas que correm vertiginosas, não tanto pela orgia de sexo e drogas ou pelo desvario do dinheiro fácil. O filme tem mais, muito mais que isso.
Baseado na história de Jordan Belfort, que aos 26 anos ganhava 49 milhões de dólares por ano em transações suspeitas na bolsa de valores, o enredo refaz a personalidade carismática e delirante do rapaz, em sequências engraçadas e politicamente incorretas.
Numa cena antológica logo no inicinho, Jordan aprende com o personagem de Matthew McConaughey os truques de se dar bem naquele negócio. Além de desprezo por sentimentos éticos ou morais, compensações de prazer pela tensão de lidar o dia inteiro com números: sexo, cocaína, álcool, bolinhas, um mergulho no gozo desenfreado.
Essas lições ele leva ao abrir a própria empresa, onde vale tudo das 9h às 19h. O paraíso de prazeres e riquezas para quem fizer a lição de vender lixo e trapacear, sem aceitar um não como resposta. O topo de um sistema e de uma ideologia que não se importam com pessoas, com vítimas, com o outro. No comando, Jordan, o pregador desse culto profano ao dinheiro.
DiCaprio recria não só o charme e a graça de Jordan, como sua desagregação mental e moral. Além dele, Jonah Hill, que faz Donnie, o braço direito de Jordan nos negócios e nas viagens, dá também um show de interpretação – estão ambos indicados ao Oscar, um como ator, o outro, coadjuvante. Aliás, o elenco é um espetáculo. A produção concorre ainda a melhor filme, diretor e roteiro.
Beijocos!
Oi, Clara
Muito boa a sua resenha.Hoje mesmo me falaram deste filme. Queri ver. Acredita, o Matthew McConaughey passou o Natal em Pará de Minas. Acredita também: eu nunca havia ouvido falar sobre ele, como ator. fiquei sabendo depois que ele esteve aqui e logo depois sairam premiações, indicações…
O cinema daqui da cidade está fechado há um ano. Deve reabrir em março. Ave!
Beijo,
Terezinha
Lembrei. a pessoa que me falou desse filme (e bem), citou o livro "A corrosão do caráter", De Richard Sennet
Tudo a ver com o capitalismo dominante dos dias de hoje.
Legal, Terezinha. Ele é casado com uma brasileira, né? Eu já conheço o trabalho dele há anos. Além de tudo, é lindo de doer! Beijão, obrigada pelos comentários!