Em Garuva, município de 13 mil habitantes no interior de Santa Catarina, a gestão da Secretaria de Saúde que assumiu em janeiro de 2005 encontrou a seguinte situação: havia uma máquina de eletrocardiograma alugada que permitia, pelo contrato, 25 exames mensais. Os excedentes eram pagos ao final do mês. Na primeira conta, os exames a mais foram oito. No seguinte, a mesma coisa. A secretária pediu para verificar o contrato e descobriu que o número correto seriam 35 eletros mensais, não 25. Em dois anos, havia mais de 200 exames excedentes pagos indevidamente. Ela negociou para atender à demanda reprimida do município, que era de 220 exames, e zerou o problema naquele momento.
Só que o contrato terminou em março. Para renovar, seriam R$ 6 mil anuais. A secretaria procurou saber e descobriu que uma máquina custava R$ 3.600. Foi comprada. Não mais aluguel de máquina. Hoje, Garuva faz mais de 120 eletros por mês, não há demanda reprimida.
O mesmo se deu com o oxigênio. Com o contrato vigente, o município pagava R$ 64 por metro cúbico. A secretária achou caro. Propôs fazer uma licitação. Os funcionários tentaram demovê-la: são menos de R$ 8 mil por ano, é o tipo de despesa que dispensa licitação, pode ser feita a compra direta (tomam-se três preços, contrata-se o menor). Não, estava caro. Depois de licitado, o custo do oxigênio passou a ser de R$ 18 por metro cúbico.
Com essas e outras economias feitas na base do pequeno, do controle de tíquetes de alimentação do funcionalismo, dos gastos com combustível contabilizados em planilha, da licitação para aquisição de medicamentos (16 empresas se candidataram no processo), Garuva tem sobras e pode investir. Aumentou a oferta de remédios, comprou ar-condicionado para os consultórios médicos e odontológicos, pintou e mandou fazer calçadas em frente aos postos de saúde, adquiriu computadores, enxoval para salas de observação, providenciou treinamento para o pessoal, aumentou a oferta de exames de laboratório, construiu um posto para atendimento de urgências e emergências.
Garuva é uma pequena cidade, de população pouco numerosa, mas de grandes atitudes, que deveriam servir de exemplo para gestores públicos de todo o país. Quem diz que não há o que fazer não sabe o que diz.

Publicado no Correio Braziliense em 10/08/2007