Em seu novo romance, Órfãos do Eldorado, o escritor amazonense Milton Hatoum mergulha numa história que ele próprio discute tratar-se de lenda ou mito da região. A paixão de Arminto Cordovil por uma órfã que ele viu no enterro do pai conduz o rapaz a perder a cabeça e a carregar ao longo da vida uma loucura limítrofe. Filho de um poderoso dono de empresa de transporte à beira do rio, em Manaus, Arminto leva alguns anos para dilapidar tudo o que o pai construiu, eternamente perdido na obsessão por Dinaura, no ressentimento contra a família, na relação malresolvida com Florita, a mestiça que o criou depois que a mãe morreu no parto. As histórias de riqueza e fracasso com o ciclo da borracha na região permeiam o romance, curto, escrito diretamente, sem capítulos, num jorro que corresponde ao desabafo de um velho louco, conforme narrado por alguém ao autor, não à toa premiado com Jabutis por seus três primeiros livros.
Beijocas!
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