Me apaixonei pela escritora italiana Natalia Ginzburg (1916-1991) ao ler seu Léxico Familiar, uma obra-prima, a meu ver, sobre linguagem, família, memória, vida em tempos de fascismo na Itália de Mussolini.
A leitura de Todos os Nossos Ontens remete inevitavelmente ao Léxico, pois os temas são os mesmos. A ambientação, as situações. Só que nesse novo romance (novo pra mim, pois ele é de 1970), em vez da memória abertamente autobiográfica, ela constrói a história em cima de personagens fictícias.
Claro que a escritora se baseou na própria família. Aqui, como lá, a personagem principal é uma menina que vive em meio a pais, irmãos e vizinhos com posições políticas. Ela também sonha em fazer sua parte, e os heroísmos são pequenos e diários.
Amigos, amores, conflitos, a narrativa de Natalia Ginzburg humaniza tudo e todos, numa leitura que conquista e prende com os melhores laços da literatura.
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