O filme Jean Charles, baseado na história do brasileiro morto no metrô de Londres em 2005 pela Scotland Yard, que o confundiu com um muçulmano, compõe um bom drama humano. O protagonista era um rapaz simples, um mineiro que, como tantos, se virava no exterior para melhorar de vida e ajudar família e amigos. Nesse “se virar”, também se metia em confusões com autoridades e com documentos ilegais para imigrantes. Assim, não se desenha um herói clássico, mas um personagem cheio de imperfeições, de psicologia meio misteriosa. A construção da tragédia toca de leve no clima da capital inglesa após os atentados que teriam sido planejados pelo suspeito, mas não entra nas histórias paralelas à de Jean. Focado, em poucos momentos escorrega para o dramalhão. Na maior parte do tempo, segura a emoção para os fatos em si, não para sua exploração sentimental. Selton Mello, como Jean Charles, começa o filme repetindo o Johnny de seu sucesso anterior, mas aos poucos se deixa embalar pelo novo personagem. O trabalho mais convincente é do baiano Luís Miranda, que faz Alex, o primo mineiro do protagonista.

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