Durante a Bienal do Livro de Brasília, comprei seis livros ao preço total de R$ 25. Claro que isso se deveu às edições populares e aos livros usados adquiridos em sebo. Mas eram novinhas, por exemplo, as edições do Crime do Padre Amaro, de Eça, e de Viagem, de Graciliano Ramos.
Li este último agora e achei interessante o olhar do comunista brasileiro em seu relato de viagem pela União Soviética em 1952, um ano antes de morrer e quase 20 depois de ter sido preso e torturado no Brasil por suas convicções de esquerda.
Graciliano foi um dos maiores nomes do romance brasileiro no século XX, autor do clássico Vidas secas, de Memórias do cárcere, Angústia etc. Em Viagem, ele narra a visita que fez à potência comunista, então um mito no mundo ocidental. Conheceu fazendas, fábricas, escolas, centros culturais, tudo coletivizado e acessível a operários. Encantou-se com bibliotecas, com a dança e os avanços sociais de uma sociedade fechada, marcada pelo autoritarismo. Idealista, dá um jeito de defender Stalin, então o Farol que Iluminava o Mundo – no pensamento dos stalinistas…
Apesar de certa ingenuidade, no entanto, o livro permite reflexões importantes de um intelectual preocupado com seu povo, seu ofício, com ideais de igualdade e fraternidade universal. Sua escrita é clássica, às vezes com um linguajar meio antiquado, mas deliciosamente antiquado. Leitura de conteúdo.
Beijins!
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