Orelha escrita pela jornalista e querida amiga Vilma Fazito para o nosso Bola Dentro, um furo de reportagem.

Fazer jornalismo é contar a história exatamente como ela ocorreu, e contar a história exige cultura, conhecimento e honestidade. É exatamente isso que Clara Arreguy faz de forma lúdica, didática e, sobretudo, ética no Bola Dentro.

Embora o objetivo da autora não seja narrar sua vida, ao ler o livro os tons autobiográficos estão patentes: a família de jornalistas, pilar de uma influência forte na sua profissão, os nomes de alguns personagens baseados em colegas de redação e a própria produção do jornal, trabalho no qual Clara se dedicou anos a fio.

Com linguagem simples e de fácil entendimento, a autora trabalha um tema que lhe é bastante peculiar: o futebol. A partir dele, cria um imaginário jornalístico onde os jovens produzem, com a colaboração da professora Lourdinha, uma publicação esportiva, desde a pauta até a diagramação.

Essa história não só explica como funciona uma redação, mas, sobretudo, como é a produção de um periódico democrático, onde assuntos transformam-se em pautas de editorias diversas, mesmo que a publicação tenha como foco um único tema. E um dos aspectos que sobressaem é a distribuição de atribuições de acordo com as aptidões de cada repórter, fato que nem sempre ocorre nas redações “de verdade”.

Tudo isso em um tempo pós-moderno, em que se pergunta até quando o jornal impresso sobreviverá às mídias digitais. Mas Clara Arreguy deixa bem claro: um completa o outro.

Vilma Fazito, jornalista